Atores/atrizes do espetáculo Abajur Lilás |
A peça teatral “Abajur Lilás” retratou um pouco da realidade do cenário brasileiro em termos de prostituição e miséria vividas por muitas famílias no país. Jovens que sai dos seus lares em busca de uma vida ilusória de riqueza e bens matérias nos prostíbulos da cidade. Foi o caso das prostitutas Dilma, Célia e Leninha; que tentaram sobreviver em um submundo cheio de impiedades, extorsões e injustiças praticadas e personificadas pelo dono do bordel, Giro.
A obra do dramaturgo paulista Plínio Marcos foi encenada pelos atores/atrizes do grupo Limítrofe, Felipe Almeida (Giro), Bonelly Pignatário (Celia), Rita Ribeiro (Dilma) e Luana Oliveira (Leninha), que contou com mais de 120 espectadores que sorriu e se emocionou com as cenas da peça teatral.
O espetáculo esteve em cartaz nos dias 6,7,8,14, e 15 de abril no Espaço das Artes, porém, no domingo, 15, não ocorreu devido umas das atrizes passar mal, com isso foi remarcado para o próximo domingo, 21, com sessões às 18h e 20h. O espaço fica na Rua Tiradentes, 10, esquina com a Assis de Vasconcelos.
Foto via: Grupo Limítrofe |
O diretor da peça teatral Renan Delmontt destaca a escolha da obra por já ter vivenciado nos tempos de aluno, além de mostrar um pouco da realidade de muitos brasileiros.
“Escolhemos a obra, pois eu já havia trabalhado com ela quando ainda era aluno do curso numa escola de teatro, em Portugal, quando voltei ao Brasil e fiquei à frente da prestação de elenco do GTU, usei está mesma obra para um exercício da oficina de interpretação, neste projeto, estavam todos os integrantes que hoje fazem parte do reuso Limítrofe, e desde então tivemos a vontade de montar esse texto completo e levá-lo ao público. Em meio ao processo a obra se tornou mais forte ainda, pois passamos por um cenário político, social e econômico que refletem a realidade da época em que o texto foi inscrito", disse o diretor Renan.
Com todas às dificuldades para o prosseguimento dos trabalhos, Renan destaca o empenho grupo e os agradecimentos da plateia.
"Sobre o trabalho, nós somos um grupo que se encontra pelo menos uma vez por semana quer seja para ensaiar o espetáculo, quer seja para treinar alguma técnica nova. A plateia foi fundamental nesse processo todo. A sensação de ver o público aplaudindo de pé é de que conseguimos atingir o nosso objetivo. Não por receber palmas e sermos reconhecidos, mas por tocar as pessoas e chamá-las a refletir sobre tudo que vem acontecendo na nossa realidade", concluiu Renan Delmontt.
O projeto dirigido por Renan Delmontt tem como objetivo principal investigar e desenvolver o trabalho do ator por meio da pesquisa e experimentação contínua. O método de interpretação utilizado no espetáculo é o chamado do teatrólogo russo Constatine Stanislavski, que alicerça a construção dos personagens no modelo de interpretação realista.
Obra
Abajur Lilás, uma das obras do dramaturgo paulista Plínio Marcos mais impactantes e politicamente engajadas, está em cartaz em Belém encenada pelo grupo Limítrofe. A obra, que sofreu inúmeras interferências por parte da censura e, ainda assim, tornou-se um dos principais gritos de denuncia e crítica ao regime militar.
Escrita no ano de 1969, a história mostra a realidade de degradação humana vivida pelas prostitutas Dilma, Célia e Leninha; que tentam sobreviver em um submundo cheio de impiedades, extorsões e injustiças praticadas e personificadas por Giro, pessoa sem nenhum escrúpulo que comanda o prostíbulo à base de autoritarismo, ameaça e violência. O retrato suburbano é fundamental a denúncia do autor ao regime de exceção.
É neste universo, que retrata algumas das camadas mais marginalizadas da sociedade, onde seres humanos sem perspectiva de vida lutam para sobreviver dia a dia, que Dilma mantem a esperança de criar seu filho e um dia poder desfrutar de bons momentos, Célia se rebela em busca liberdade e Leninha vislumbra uma realidade ilusória típica da juventude, mas mantendo uma indiferença grande frente aos problemas. Quanto a Giro, este se reserva o direito de dominar, mentir, extorquir, cobrar e transferir as responsabilidades para aqueles que seu dinheiro compra, oprime, agride e mata.
Plínio Marcos escreveu a obra para ser um grito de denúncia e resistência frente às mudanças tenebrosas impostas pelo governo militar e deixou um legado como motor para a criação e também resistência durante um momento em que a cultura, a educação, os direitos, as artes, vêm sendo cada dia mais lesados pelos nossos governantes.
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